alguns dos principais teóricos e suas contribuições
para a Educação Infantil
João Amós Comênio (1592 – 1657)
Educador e bispo protestante, pai da Didática Moderna. Entre suas idéias destacam o respeito aos estágios de desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem e construção do conhecimento através de experiências, da observação e da ação, uma educação sem punição e sim do diálogo, exemplo e ambiente adequado à aprendizagem. Elaborador do plano da escola maternal, responsabilizou aos pais responder pela educação da criança antes do sete anos de idade, afirmando “que o nível inicial de ensino era o colo da mãe e deveria ocorrer dentro dos lares” (OLIVEIRA, 2007 p. 64). Recomendava o uso de ricos materiais pedagógico e ambiente propício à educação das crianças, partindo do princípio de que é da infância que se inicia a formação e do ser humano. Comênio afirma que “o cultivo dos sentidos e da imaginação precedia o desenvolvimento do lado racional da criança. Impressões sensoriais advindas da experiência com manuseio de objetos seriam internalizados e futuramente interpretados pela razão”. Evidenciando desse modo os propósitos de desenvolvimento do raciocino lógico e do espírito científico, que implicaria na formação do homem religioso, social, político, racional, afetivo e moral (OLIVEIRA, 2007, p. 64). Defendia que, desde a infância deveria ser trabalhado tudo, de modo que a criança pudesse aprender dentro de um campo amplo de conhecimento. É possível constatar que as preocupações do pai da didática com relação ao desenvolvimento e aprendizagem da criança de 0 a 6 anos foram inúmeras, destacando aspectos importantes do plano da escola Materna, que até hoje são fundamentais para o bom desenvolvimento educativo da criança. Friedrich Fröebel (1782 – 1852) Educador alemão, considerado o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica e o apreender do significado da família nas relações humanas. Sua teoria salientou a importância do desenho e das atividades que envolvessem movimentos e ritmos. “Influenciado por uma perspectiva mística, uma filosofia espiritual e um ideal político de liberdade inspirada no amor a criança e a natureza, criou um kindergarten (jardim-de-infância)”. No campo das relações humanas defendia que o indivíduo é uma unidade, quando considerado em si mesmo, mas mantém uma relação com o todo, quando se incorpora aos outros para atingir certos objetivos. Com este conceito, para a criança se conhecer, o primeiro passo seria conhecer as partes de seu próprio corpo e só depois chegar aos movimentos das partes do corpo como um todo (OLIVEIRA, 2007, p. 67). Inspirado pelo amor as crianças e a natureza, sua idéia de atividade e liberdade reformularam a educação, embora seja conhecida apenas como fundador dos jardins da infância ou por sua metodologia de educação infantil. Apesar de ter trabalhado com Pestalozzi, de forma independente e crítica, formalizou seus próprios princípios educacionais enfocando o período da infância, insistindo para que as necessidades infantis fossem plenamente desenvolvidas. Ao abrir o primeiro jardim de infância, as criança poderiam se expressar por meio de diferentes atividades envolvendo percepção sensorial, linguagem oral associada a natureza e à vida e dos brinquedos. Paralelamente dedicou-se a fundação de outros jardins, à formação de professores e elaboração de métodos e equipamentos pedagógicos. Essas idéias e os diferentes matérias desenvolvidos tinham uma aplicação prática na primeira infância, mas considerava-se que elas se estendiam a todos os níveis educacionais pois, para ele o conhecimento se dá por meio do: Manuseio de objetos e a participação em atividades diversas de livre expressão por meio da música (...) possibilitariam que o mundo interno da criança se exteriorizasse, a fim de ela que pudesse, então, ver-se objetivamente e modificar-se, observando, descobrindo e encontrando soluções. Apud (OLIVEIRA, 2007 p. 68) Maria Montessori (1870 – 1952) Médica psiquiatra iniciou seus estudos e trabalho com crianças com deficiência mental em uma clinica psiquiatra de Roma. Contrapondo-se aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e processo evolutiva do desenvolvimento da criança, a pedagogia montessoriana se insere no movimento Escola Nova, ocupando papel de destaque devido as técnicas aplicadas na educação infantil e primeiras séries do ensino formal. Montessori defendia que a função da educação é favorecer o progresso infantil de acordo com os aspectos biológicos de cada criança. Em sua concepção, como os estímulos externos formam o espírito infantil, eles precisam ser determinados. Dessa forma além de propor que, em sala de aula, a criança fosse livre para agir sobre os objetos sujeito a sua ação, desenvolveu jogos e outros materiais didáticos que passaram a ter um papel predominante no trabalho educativo. Esses materiais tinham a função de estimular e desenvolver a criança numa busca detalhada do conteúdo a ser trabalhado, prevendo exercícios destinados a evolução das diversas funções psicológicas. Criou instrumentos elaborados para educação motora, e para educação dos sentidos e da inteligência. |
Foi um dos educadores que renovou as práticas pedagógicas de seu tempo. Crítico da escola tradicional, para ele “a educação que a escola dava às crianças deveria extrapolar os limites da sala de aula e integrar-se às experiências por elas vividas em seu meio social”. De acordo com seu pensamento, a sociedade é plena de contradições que refletem interesses antagônicos das classes sociais existentes, que penetram na vida social, inclusive na escola (OLIVEIRA, 2007, p. 77).
Partindo dessa idéias, não poupou a escola tradicional se mostrando contra o autoritarismo do sistema educacional tradicional, expresso nas regras rígidas, no conteúdo arbitrário, fragmentado disfarçado em relação social e ao progresso da ciência. Sua corrente pedagógica partia do respeito mútuo entre professor e aluno, a ordem e a disciplina em sala de aula se estabeleciam naturalmente. Suas técnicas: “o jornal escolar, correspondências interescolar, desenho livre, a livre expressão, as aulas-passeio, o livro da vida” têm como objetivo favorecer o desenvolvimento de métodos naturais da linguagem, da matemática, das ciências naturais e das ciências sociais num contexto de atividades significativas. Desse modo, possibilita às crianças sentirem-se sujeitos do processo de aprendizagem e a partir do seu interesse estabelecer condições da apropriação do conhecimento. Jean Piaget (1896 – 1980) Biólogo e psicólogo, foi o formulador da teoria do desenvolvimento da inteligência humana e é hoje considerado como o mais importante teórico da área cognitiva. Piaget não propôs um método de ensino, a partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de outras crianças, elaborou uma teoria do conhecimento e desenvolveu investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos. Em suas pesquisa, concebeu a criança como ser dinâmico, que a todo o momento interage com a realidade, utilização de objetos e pessoas. Criador da “epistemologia genética”, Piaget mostra que todas as crianças passam por estágios estáveis de estruturação de pensamento, procurou investigar como se dava à construção do conhecimento no campo social, afetivo, fisiológico e cognitivo. Fazendo uma investigação em suas obras literárias constataremos que Piaget desenvolveu longos estudos e pesquisas nos mais diversos campos do saber, contribuindo com um valioso legado de informações e conhecimento a respeito da gênese e desenvolvimento e aprendizagem infantil. Lev Semenovich Vygotsky (1896 – 1934) Habilitado em direito, filosofia, medicina e psicologia, foi professor de pedagogia. Iniciou seus estudos buscando uma alternativa dentro do materialismo dialético para o conflito entre concepções idealista e mecanicista. Autor da teoria sócio-interacionista, seu projeto principal de trabalho consistia na tentativa de estudar os processos de transformação do desenvolvimento humano na sua dimensão “filogenética, histórico-social e ontogênica”. Vygotsky traz a idéia do ser humano como “fruto” do contexto histórico e cita a pedagogia como sendo a ciência básica para o estudo do desenvolvimento humano por se tratar de uma síntese das disciplinas que estudam a criança integrando os aspectos biológico, psicológico e antropológico do desenvolvimento. É importante ressaltar que a principal preocupação de Vygotsky não foi elaborar uma teoria do desenvolvimento infantil, mas de compreender desenvolvimento psicológico do ser humano e para isso era necessário recorrer à infância como ponto inicial, justificando que “a necessidade do estudo da criança reside no fato de ela estar no centro da pré-história do desenvolvimento cultural devido ao surgimento do uso de instrumentos e da fala humana” (REGO, 2004 p. 25). Utilizando-se dos pressupostos elaborados por Marx e Engles, Vygotsky buscou compreender o homem sempre como agente produtor de conhecimento de acordo as interações sociais. Vygotsky destaca-se também pelas contribuições de sua teoria com relação ao desenvolvimento e aprendizagem do homem, ao apresentar as “zonas de desenvolvimento”. Para Vygotsky desenvolvimento e aprendizagem são processos interativos, ou seja, ao aprender em um contexto social específico o indivíduo está se desenvolvendo. Partindo dessa concepção ele afirma que “o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam” (VYGOTSKY, 2007, p. 100). Diante de tantos teóricos e suas contribuições no processo histórico e evolutivo da educação na infância, conclui-se que os estudos com relação à educação, metodologias, recursos didáticos e pedagógicos não se esgotam apenas nestes teóricos. Porém vale ressalta que cada um deles diante de seus estudos e pesquisas procurou compreender o período da infância e dar suas contribuições no campo da Educação Infantil. Disponível em: http://ligadaleninha.blogspot.com.br/2012/05/teoricos-da-educacao.html |